20.6.11

Mar de Confusão

Alice era o tipo de menina (ou mulher), que não tem como se definir. Muito diferente da Alice da Disney, tingia o cabelo de vermelho e tinha os olhos verdes. Era enigmática, mas ao mesmo tempo aberta. Como o mar, cristalino, mas ainda assim profundo.
Pedro é o tipo de cara que descrevemos como "simples".
Nada o irrita demais, tudo está bom, sua vida é um grande "Tanto faz", porque ele, na verdade, não liga muito.
Pedro e Alice são dois opostos, e como não acreditam em destino, mas sim em uma série de coincidências, foi numa dessas que se conheceram.
Ela não o deu muita importancia, e ele deu até demais.
Não demorou muito para que o radar social de alice tocasse; "é esse", é esse para quem você vai poder contar tudo que te aflige
te alegra, te deixa em duvida, é esse com quem você vai poder ser a tremenda confusão que é, porque é esse que vai te organizar.
A ideia pareceu um tanto quanto absurda para Alice, mas ela não podia contrariar seu radar. E quem diria, ela, ela que era a "menina distraída", "não ligava pra ninguém", ela que deixava o mundo de virado ponta cabeça só para beijar o céu, ela, Alice, se apaixonou por Pedro.
Falava, falava muito, o contava tudo, todas as suas vontades, tristezas, tudo. Chorava e depois de dois minutos, ria. Depois tinha raiva. Inconstante. Essa era Alice. Água e fogo.
Seu mar de confusão entrava numa forte ressaca, mas Pedro com seu jeitinho de quem não quer nada, sempre botava tudo no lugar.
Assim que ela passou a depender dele, como um usuário depende da droga. Alice precisava de Pedro para ficar, nem que fosse um pouquinho, dentro de um paraíso que ela podia inventar.
Pedro, eu acho, amava Alice, mas começou a se cansar. Sua bipolaridade o deixava com fadiga, seus cabelos longos vermelhos pareciam sufocá-lo. Mas ele sempre acabava voltando para ela. No mar de confusão de Alice, ele era quem dizia "veleje pra mim, veleje pra mim, me deixe te decifrar". Alice era um desafio, e ele queria desistir, mas não conseguia.
E ela o amava cada dia mais, se desculpava, chorava e ria, e Pedro sempre estava lá.
Ela, que antes parava o tempo pra beijar o céu, agora parava o tempo para beijar Pedro.
E ele se cansava.
Ela amava, ria, chorava brigava.
Ele, canseira.
Ela e seu mar de confusão se agitavam.
Ele, estático.
Foi quando tudo saiu dos eixos e pedro não estava mais lá para organizar. O desafio o fascinava, ele o admirava, o amava...
Mas desistiu.
E foi quando Alice viu que o mundo não parou enquanto ela beijava Pedro. O tempo não pára, e agora era tempo perdido.
Acorda, Alice, guarda teu mar de confusão pra depois. A vida segue. E segue mesmo.
E Alice segue dançando com a vida, sempre sorrindo.
Sente saudade de perguntar sobre o mundo para Pedro e ouví-lo decifrar tudo. Sente saudade de se sentir como sua menina, e mais ainda de ser sua mulher.
Mas Alice sorri.
Não diga que não serviu pra nada, pois o que aquieta o seu mar de confusão é que para Alice, sempre haverá um Pedro no fim da estrada.
Alice sorri.


14.6.11

Natural

Não há nenhum desastre grande o suficiente para impedir as coisas de serem como elas são.
Um terremoto no Japão, seguido de um Tsunami com mais de mil mortos, não impede os japoneses de acordarem todo dia de manhã, para continuarem com suas vidas.
Nenhum inverno, por mais rigoroso e longo que seja, impede a vinda da primavera.
Nenhuma morte impede o direito de uma nova vida.
Nenhum amor acabado tira a possibilidade de se amar de novo,
nenhum erro tira as chances de acertar.
Nenhum fim impede um recomeço.
Essa é a ordem natural das coisas. Superação.
Milhares de pessoas vão à rua correr milhares de quilômetros sem nenhum intuito, simplesmente para sentir a sensação de superar algo, de ganhar um desafio. De vitória.
Uma mãe passa por dores e dificuldades absurdas durante nove meses para, simplesmente, poder botar no mundo uma nova vida.
Em um período chamado "Piracema" milhões de peixes nadam contra a corrente, se debatendo, sangrando, incansavelmente, com um objetivo; sexo, é claro... mas acima de tudo, vida.



Canned Heat - Going Up The Country

1.6.11

Adeus, Maio.

Posso falar? que mês de merda.
Tanto stress e pensamentos positivos que não funcionaram do tipo "calma, esse mês vai acabar logo...", tantos acontecimentos do gênero "putaquepariu", tantas coisas pra fazer, tanto dinheiro jogado fora, tanto TEMPO jogado fora. Ufa! tchau, Maio. Maio terminou, levando junto com ele todas essas desgraças, cansaço, desânimo e términos.
Maio acabou.
Será que minha tristeza também? ou seria só o começo de um novo fim?
Tchau, Maio. Você é "só um mês" que não fará a menor falta.