2.9.11

Eu, ET.

Tenho um estranho modo de ir dormir. Um ritual que começa ao me contorcer na cama, depois mexer todos os dedos do pé e apertá-los com força, dar um suspiro de som estranho, pôr uma mão debaixo do travesseiro, outra perto da boca, me cobrir até o pescoço, sem deixar nenhuma parte de fora, e ficar olhando pro teto umas 82372463 horas pensando em tudo, até na morte da bezerra.
Tenho um estranho modo de fazer carinho nos outros, quando tenho extremo carinho por alguém tenho vontade de apertar essa pessoa até que os olhos saiam pra fora, mordê-la, ou na melhor das circunstâncias, lhe dar um cheirinho no cangote, coisa que vem da minha única habilidade de sentir os cheiros das pessoas, não o cheiro do perfume, mas o cheiro DAQUELA pessoa.
Tenho essa estranha mania (mesmo que inconsciente) de me sentir atraída por gostos musicais e por quem eu acho que sabe mais do que eu. Também por pessoas erradas, muitas vezes infelizes, e viciadas em punk rock. Homens mais velhos. Jaqueta de couro. Sarcasmo.
Quando me encontro numa situação que me amedronta, me encontro cantando músicas que nem eu sei quais são, numa linguagem que eu mesma inventei (algo perto do mandarim), e eu sei lá porque, às vezes eu acho que essas músicas nada boas irão afastar qualquer bandido ou espírito que está me amedrontando.
Não entro em um cômodo sem bater antes, porque sempre, sempre acho que talvez a pessoa possa estar se masturbando lá dentro (de quem herdei essa mente suja?)
Critico pessoas que mimam seus filhos e falam com eles com aquela vozinha de idiota, mas faço o mesmo com meus gatos, ou seja, pior ainda.
Como Toddy puro.
Faço uma coisa estranha com todos os dedos da mão, de um modo que todos eles se pareçam com isso; ")"
Tenho um estranho prazer em planejar meu enterro e coisas pra fazer dias antes da minha morte, mas tenho um medo irracional de morrer.
Gasto muito tempo em que poderia estar vivendo para me questionar sobre a vida.
Me enjôo das pessoas, assim como de chocolate depois de muito tempo.
Tenho preguiça de contar histórias, de terminar frases, de comer, de tudo. Quando o despertador da vida toca, eu aperto "snooze".
Me gusta botar o Facebook em espanhol só pro "Curtir" virar "Me Gusta".
Sou doente por música... doente até demais.
Tenho ciúmes estranhos com coisas e gostos, mas não tenho ciúmes de quem deveria ter.
Chuto, inconscientemente, todos aqueles que me amam.
Me divirto pensando na morte de algumas pessoas, mas me pergunto várias vezes quantos bebês de mãozinhas e unhazinhas existem no mundo agora.
Tenho vontade de comer a Lua, e acho que deve ser doce.
Sempre tive vontade de fritar lingüiça no Sol (???)
A coisa mais hilária que consigo pensar é alguém fazendo bungee jump pelado na estátua da liberdade.
Rio com coisas tristes e sempre fujo de problemas com a mesma facilidade em que me meto em outros.
Da onde eu sou?



Lily Allen ft. Mark Ronson - Oh My God

27.8.11

Some Velvet Morning...

Paz por uns segundos... posso?
Acordar, mexer os dedos do pé, se virar pro lado, olhar a janela. Sol. O quarto iluminado por uma luz amarela.
Cabelos bagunçados, espreguiçando... vê-lo dormindo ao lado. Admirar. A sombra da persiana em seu rosto. Um leve sorriso em sua boca.
Pontas dos dedos... pelos seus cabelos, seu nariz... sentindo sua barba feita.
Beijinhos por todo o seu rosto, cheirinho no cangote...
Quentinho debaixo dos lençóis brancos, silêncio...
Não levantar da cama.
Aquele sentimento de que, só por hoje, o mundo parou. Só vocês dois que não.
Aquele sentimento de que o mundo pode esperar... você estudá-lo enquanto ele dorme.
Aquele cheiro de quem acaba de acordar...
Sentimento da manhã.
Dormir não é bom?
E sonhar acordado?

17.8.11

O Afilhado de David Bowie

"Comprei uma caneta daquelas de ricaço pro escritório do meu pai. E você?"
"Meu pai morreu quando eu era um bebê" diz o garoto negro, Rolan, ao seu amigo da escola. Os dois estão assistindo Tv em sua sala. Nos anos 70, 60... por aí.
O amigo o olha com uma cara de tristeza, mas em alguns segundos sua expressão muda; "pelo menos você não precisa gastar dinheiro em presente do dia dos pais". Rolan dá de ombros.
De repente em um comercial qualquer a cara pintada de David Bowie aparece cantando Ziggy Stardust e o amigo de Rolan, numa tentativa de descontraí-lo, comenta "David Bowie é demais!". Rolan canta alguns versos da música batendo os pés na mesa de centro, "Ele é meu padrinho"
"Pff... e os Sex Pistols são todos meus pais!"
"Sério? meu pai era Marc Bolan"
O garoto olha para a cara de Rolan um tempo, ele parece mesmo acreditar no que está falando... deve ser louco. Começa a pensar sobre algumas atitudes estranhas que Rolan tivera antes na escola e conclui "Meu Deus! ele é um psicopata mentiroso!" aflito, dá um passo para ir embora, mas não, isso seria muito óbvio... ele podia pegá-lo desprevenido no jardim e dá-lhe uma facada nas costas. Então ele diz, tentando ser discreto "Eu...eu... eu vou ao banheiro" Rolan come mais um Cheetos amarelado e diz "Tá".
O garoto sobe as escadas da casa com todos os pensamentos de uma mente mirabolante de um garoto de 13 anos e torcendo para que no banheiro tenha janela. De repente se depara com fotos ao longo da escada. É Marc Bolan, com uma mulher negra... e um bebê negro. Mais um degrau, David Bowie com uma mulher negra. Outro degrau, David Bowie com um menino negro. Outro, David Bowie com... ROLAN?, David Bowie com Rolan na sua formatura do Jardim, David Bowie com Rolan no parque... David Bowie, David Bowie, David Bowie...
Toda a sua tensão é transformada numa enorme euforia, o garoto desce as escadas correndo com um sorriso no rosto e pula no sofá derrubando o pacote de Cheetos de Rolan; "CARA, você é afilhado do David Bowie!!!"
e Rolan pensa catando os Cheetos no carpete "É por isso que eu não queria que ninguém soubesse..."

http://juliapetit.com.br/musica/padrinho/
(Sim, sim! David Bowie tem um afilhado... que não sou eu)

20.6.11

Mar de Confusão

Alice era o tipo de menina (ou mulher), que não tem como se definir. Muito diferente da Alice da Disney, tingia o cabelo de vermelho e tinha os olhos verdes. Era enigmática, mas ao mesmo tempo aberta. Como o mar, cristalino, mas ainda assim profundo.
Pedro é o tipo de cara que descrevemos como "simples".
Nada o irrita demais, tudo está bom, sua vida é um grande "Tanto faz", porque ele, na verdade, não liga muito.
Pedro e Alice são dois opostos, e como não acreditam em destino, mas sim em uma série de coincidências, foi numa dessas que se conheceram.
Ela não o deu muita importancia, e ele deu até demais.
Não demorou muito para que o radar social de alice tocasse; "é esse", é esse para quem você vai poder contar tudo que te aflige
te alegra, te deixa em duvida, é esse com quem você vai poder ser a tremenda confusão que é, porque é esse que vai te organizar.
A ideia pareceu um tanto quanto absurda para Alice, mas ela não podia contrariar seu radar. E quem diria, ela, ela que era a "menina distraída", "não ligava pra ninguém", ela que deixava o mundo de virado ponta cabeça só para beijar o céu, ela, Alice, se apaixonou por Pedro.
Falava, falava muito, o contava tudo, todas as suas vontades, tristezas, tudo. Chorava e depois de dois minutos, ria. Depois tinha raiva. Inconstante. Essa era Alice. Água e fogo.
Seu mar de confusão entrava numa forte ressaca, mas Pedro com seu jeitinho de quem não quer nada, sempre botava tudo no lugar.
Assim que ela passou a depender dele, como um usuário depende da droga. Alice precisava de Pedro para ficar, nem que fosse um pouquinho, dentro de um paraíso que ela podia inventar.
Pedro, eu acho, amava Alice, mas começou a se cansar. Sua bipolaridade o deixava com fadiga, seus cabelos longos vermelhos pareciam sufocá-lo. Mas ele sempre acabava voltando para ela. No mar de confusão de Alice, ele era quem dizia "veleje pra mim, veleje pra mim, me deixe te decifrar". Alice era um desafio, e ele queria desistir, mas não conseguia.
E ela o amava cada dia mais, se desculpava, chorava e ria, e Pedro sempre estava lá.
Ela, que antes parava o tempo pra beijar o céu, agora parava o tempo para beijar Pedro.
E ele se cansava.
Ela amava, ria, chorava brigava.
Ele, canseira.
Ela e seu mar de confusão se agitavam.
Ele, estático.
Foi quando tudo saiu dos eixos e pedro não estava mais lá para organizar. O desafio o fascinava, ele o admirava, o amava...
Mas desistiu.
E foi quando Alice viu que o mundo não parou enquanto ela beijava Pedro. O tempo não pára, e agora era tempo perdido.
Acorda, Alice, guarda teu mar de confusão pra depois. A vida segue. E segue mesmo.
E Alice segue dançando com a vida, sempre sorrindo.
Sente saudade de perguntar sobre o mundo para Pedro e ouví-lo decifrar tudo. Sente saudade de se sentir como sua menina, e mais ainda de ser sua mulher.
Mas Alice sorri.
Não diga que não serviu pra nada, pois o que aquieta o seu mar de confusão é que para Alice, sempre haverá um Pedro no fim da estrada.
Alice sorri.


14.6.11

Natural

Não há nenhum desastre grande o suficiente para impedir as coisas de serem como elas são.
Um terremoto no Japão, seguido de um Tsunami com mais de mil mortos, não impede os japoneses de acordarem todo dia de manhã, para continuarem com suas vidas.
Nenhum inverno, por mais rigoroso e longo que seja, impede a vinda da primavera.
Nenhuma morte impede o direito de uma nova vida.
Nenhum amor acabado tira a possibilidade de se amar de novo,
nenhum erro tira as chances de acertar.
Nenhum fim impede um recomeço.
Essa é a ordem natural das coisas. Superação.
Milhares de pessoas vão à rua correr milhares de quilômetros sem nenhum intuito, simplesmente para sentir a sensação de superar algo, de ganhar um desafio. De vitória.
Uma mãe passa por dores e dificuldades absurdas durante nove meses para, simplesmente, poder botar no mundo uma nova vida.
Em um período chamado "Piracema" milhões de peixes nadam contra a corrente, se debatendo, sangrando, incansavelmente, com um objetivo; sexo, é claro... mas acima de tudo, vida.



Canned Heat - Going Up The Country

1.6.11

Adeus, Maio.

Posso falar? que mês de merda.
Tanto stress e pensamentos positivos que não funcionaram do tipo "calma, esse mês vai acabar logo...", tantos acontecimentos do gênero "putaquepariu", tantas coisas pra fazer, tanto dinheiro jogado fora, tanto TEMPO jogado fora. Ufa! tchau, Maio. Maio terminou, levando junto com ele todas essas desgraças, cansaço, desânimo e términos.
Maio acabou.
Será que minha tristeza também? ou seria só o começo de um novo fim?
Tchau, Maio. Você é "só um mês" que não fará a menor falta.

30.5.11

Obrigada, Filho da P**

Se a sua intenção era ferrar com a minha vida... sinto informar que foi sem sucesso.
Porque mesmo depois de choros, gritos e revoltas de garotinhas de 5 anos..
 eu me dei conta que só tenho a lhe agradecer!
Obrigada por me iludir e depois pisar em cima de mim,
me ensinou a olhar bem com que tipo de babaca vou me meter.
Obrigada por dizer que me amava,
me ensinou a mentir.
Obrigada por sempre me decepcionar,
me ensinou a não esperar nada de ninguém.
Obrigada por ser lindo,
me ensinou (quem diria!) que a aparência não é tudo.
e obrigada por ser quem é,
me faz sentir mil vezes melhor por ser quem eu sou.
De resto você pode ir se f***,
Grata.

Ah! e obrigada também por não ter atendido nenhuma daquelas ligações,
elas teriam me custado uma fortuna!



Hole - Skinny Little Bitch